Bebê de 5,8 kg foi diagnosticado com hérnia diafragmática de Morgagni, um defeito congênito raro
Com apenas 5 meses de vida, 5,8 quilos e dificuldade para se alimentar bem, o bebê Hugo Figueirêdo foi submetido a uma cirurgia robótica minimamente invasiva para tratamento de uma hérnia diafragmática de Morgagni. O lactente gemelar, que nasceu prematuro com 36 semanas e foi operado no Hospital Santa Izabel (HSI), em Salvador, é o paciente com o segundo menor peso submetido a uma cirurgia auxiliada por robô no Brasil. A menor criança, que passou por uma pieloplastia robótica em São Paulo, tinha 5,6 quilos.
Hugo é portador de anomalia cardíaca de Ebstein, uma cardiopatia frequentemente associada à hérnia de Morgani, defeito congênito raro causado por uma ruptura no diafragma por onde ocorre passagem de conteúdo abdominal para a cavidade torácica e que, usualmente, é assintomática. Em certos casos da doença, sintomas podem ocorrer devido ao aumento da pressão intra-abdominal, desencadeando disfunções respiratórias e, mais raramente, complicações intestinais. No caso do filho dos médicos Kauê Figueirêdo (34) e Rafaela Figueirêdo (30), não havia sintomas além da dificuldade de se alimentar bem, mas durante uma ecocardiografia transtorácica foram identificadas imagens gasosas no tórax. A partir daí, uma radiografia e uma tomografia computadorizada do tórax confirmaram a presença da hérnia diafragmática de Morgagni.
Segundo o cirurgião pediátrico Fábio Henrique Contelli, chefe do Serviço de Cirurgia Pediátrica do HSI, o tratamento da doença é sempre cirúrgico, a fim de evitar complicações como obstrução intestinal e estrangulamento. “No caso do Hugo, optamos pela correção cirúrgica precoce via robótica porque a presença de herniação de um segmento do cólon e intestino delgado representava um grande risco de obstrução e perfuração intestinal. Como o movimento das pinças robóticas e a visualização otimizada das estruturas aumentam muito a precisão cirúrgica, não temos dúvida de que foi a melhor decisão, inclusive porque a evolução do paciente foi satisfatória, sem complicações e sem recidiva”, explicou o integrante do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR).
De acordo com Kauê Figueirêdo, pai de Hugo, a incisão menor e a segurança do procedimento contribuíram muito para a decisão da família pela modalidade cirúrgica. “Se nosso filho tivesse que fazer uma nova cirurgia, iríamos preferir que fosse robótica porque a recuperação dele foi ótima, sobretudo por ser rápida. Fiquei tranquilo quando o cirurgião explicou que se fosse necessário realizar uma cirurgia aberta no momento da robótica nada impediria que isso fosse feito de modo seguro”, detalhou.
A primeira cirurgia robótica pediátrica na Bahia foi realizada em 2019 por uma equipe coordenada pelo urologista Nilo Jorge Leão, coordenador do IBCR. Entre os mais de 500 pacientes do Instituto submetidos ao tratamento minimamente invasivo auxiliado por robô na Bahia, 25 são crianças que se beneficiaram dos diferenciais da modalidade cirúrgica, tais como menor risco de sangramento, infecção e dor; recuperação mais rápida e menor tempo de internação. Como a tecnologia representa um dos maiores avanços da medicina contemporânea, muitos pais têm buscado informações sobre a cirurgia robótica, atualmente realizada em quatro grandes hospitais da capital baiana. A tendência natural, acreditam especialistas, é que na pediatria, como já acontece entre os adultos, a técnica robótica seja utilizada com frequência cada vez maior.
O IBCR oferece proctorias voltadas para a qualificação, orientação e suporte de médicos interessados em operar com o auxílio do robô. A ferramenta tecnológica funciona através de um console, espécie de joystick com uma série de recursos que incluem a visão tridimensional (3D) e mais nítida, ampliada em 10 vezes quando comparada à cirurgia convencional aberta. Outro diferencial da cirurgia robótica é o filtro de tremor das mãos do cirurgião, responsável pela maior precisão durante o procedimento. Outras informações estão disponíveis no site www.ibcr.com.br.