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Negra, baiana e referência: biomédica se destaca no cuidado estético para peles pretas

Especialista em pele preta, Jéssica Magalhães reforça a importância dos cuidados e particularidades no atendimento a pessoas negras e miscigenadas.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 56% da população brasileira se autodeclara preta ou parda. Apesar de maioria, quando analisada a indústria de cosméticos, dados da consultoria Nielsen revelam que apenas 5,9% das vendas nacionais estão focadas no afroconsumo.

Apesar de menor em oferta, o resultado da Nielsen apontou também que o valor do produto direcionado à pele negra custa até 50% a mais do que produtos para “todos”os tons de pele.

Com uma movimentação anual superior aos US$ 704 bilhões de dólares, de acordo com o Instituto Locomotiva, as mulheres negras ainda vivem o desafio de acessarem produtos, serviços e profissionais especializados em suas características, sejam elas associadas à identidade e/ou estética.

Apesar do Brasil possuir a maioria da sua população composta por pessoas negras e miscigenadas, ainda são poucos os profissionais da estética especializados nos cuidados para este público. É nesse contexto que a biomédica-esteta Jéssica Magalhães tem ganhado destaque e reconhecimento nas regiões nordeste e sudeste do país.

Mulher negra, biomédica há mais de 10 anos, e especialista em estética, Dra. Jéssica Magalhães é um símbolo de resistência e inspiração, principalmente por conseguir se destacar em uma área de difícil acesso a população considerada marginalizada, e mais, por ser uma mulher negra, cuidando de uma pele específica e que por muitos anos não foi considerada padrão ideal da sociedade.

“Biomédica desde 2011, iniciei a vida profissional como analista clínica, atuando em análises imunológicas e liberação de exames, onde a compreensão do funcionamento biológico é fundamental. Ainda em laboratório, me especializei em qualidade e continuei atuando como coordenadora, sendo responsável pela certificação ISO 9001 e acreditação DICQ da empresa. Sempre quis atuar com cuidado e beleza, foi aí que em 2017 decidi iniciar a especialização em Estética”.

Percebendo a carência de conteúdos específicos para o seu tom de pele, em 2020 Jéssica passou a dedicar-se integralmente aos estudos de peles pretas e miscigenadas. “Já passei por péssimas experiências em atendimento dermatológico e não tive cuidados e nem resultados. Unido à falta de conhecimento que vi durante a minha especialização, percebi que tinha que correr e oferecer o cuidado que não existe hoje no mercado”.

Para a biomédica, os serviços direcionados às particularidades da pele negra são de extrema importância para a sociedade, principalmente no Brasil onde mais da metade da população já se reconhece preta ou parda. “Somos esquecidos e negligenciados, por isso recebo muitos pacientes que tiveram tratamento sem resultado ou intercorrências, precisando então de um serviço especializado e de qualidade”.

De acordo com Jéssica, é indispensável estar atento aos cuidados com a pele negra, pois a falta de conhecimento pode trazer desde a ausência de resultados até a marcas permanentes. “É preciso ter conhecimento acerca do processo de cicatrização, inflamação e produção de melanina para poder conseguir resultados sem causar novos problemas, a exemplo de manchas”, destaca.

Além de encarar essa realidade, alguns mitos acabam sendo um problema a mais quando se trata da necessidade dos tratamentos. A biomédica destaca que um dos mitos que envolvem a pele negra é acreditarem que os tons de pele mais escuros não necessitam de proteção solar. “Apesar da melanina poder conferir proteção FPS de até 13,5, ainda não é o suficiente para evitar os danos solares”, explica.

“Entre as mentiras que são compartilhadas, temos o mito de que pele negra não precisa de cuidado por ser “mais firme”. Apesar da abundância de colágeno, temos necessidades específicas, por isso precisamos de cuidados especializados”, enfatiza Dra. Jéssica.

De acordo com a Dra., os cuidados diários são extremamente importantes para manter uma pele mais bonita e mais saudável. Além disso, quando a pele necessita de tratamentos mais avançados para tratar algumas disfunções estéticas, como por exemplo, manchas, quelóides e ressecamento, é necessário estar atento quanto aos procedimentos que serão realizados na pele.

A especialista destaca que alguns procedimentos são ideais e que trazem bons resultados à pele, como por exemplo o Skinbooster (Hidratação injetável) que usa de ácido hialurônico mais fluido para hidratar peles ressecadas e que são ótimos para preparar para procedimentos mais avançados; como bioestimuladores, o Laser de CO2, gera grande renovação da pele, tendo como resultado uma pele mais luminosa, firme e uniforme, e que é uma alternativa excelente no tratamento de acne, manchas, cicatrizes (de cirurgia e/ou acne), rejuvenescimento, flacidez e estrias.

Alerta às especificidades da pele, alguns procedimentos com ácido, por exemplo, precisam ser realizados com bastante cuidado na pele negra. “O Peeling Químico (uso de ativos ácidos para estímulos diversos na pele) usado em tratamento de acne, manchas e rejuvenescimento, precisa de muita cautela na escolha dos ácidos, já que a pele negra não pode se expor a produtos muito agressivos”, finaliza.

Escrito por Higor Garcia